Data: 28/11/2003
Autor: Marcelo Bulgarelli/Equipe O DIÁRIO
Fonte: O Diário do Norte do Paraná
Foi uma ducha de água fria. Assim que desembarcou no Aeroporto de Maringá, o governador Roberto Requião foi enfático em relação aos R$ 6 milhões reivindicados pela UEM para os 20 novos cursos da universidade: "Não há previsão orçamentária. Os cursos são rigorosamente irregulares e são resultados de irresponsabilidade administrativa". Requião vai levar o caso ao Ministério Público a fim de apurar a "irresponsabilidade das administrações".
O governador esteve ontem em Maringá para participar das homenagens aos pioneiros, em comemoração ao sesquicente-nário de emancipação política do Paraná. Ao ser questionado sobre a situação dos alunos desses cursos, Requião não titubeou: "pergunte isso aos professores e aos dirigentes da universidade". As declarações à imprensa foram feitas na presença do reitor da UEM, Gilberto Pavanelli que ainda tentou dialogar com o governador.
Estudo - Mesmo entendendo que os 20 cursos foram criados a partir das reivindicações da comunidade, Requião não aceita tais medidas sem que exista qualquer estudo prévio. Lembra que o déficit da UEM é de R$ 36 milhões. Citou como exemplo as Unicentro de Cascavel, com 1.020 professores e cada um com carga horária de 10 horas. "Eles tem Tide (acréscimo salarial por tempo integral de dedicação exclusiva) até paras funcionários. E essa conta vai para o contribuinte, dinheiro que vai faltar pra saúde, pro SUS, assistência social", criticou.
Requião comparou o Paraná com o Rio Grande do Sul. Enquanto o primeiro estado gasta R$ 500 milhões anualmente no ensino superior, o segundo estaria destinando apenas R$ 30 milhões. "Por isso não podemos criar cursos sem previsão orçamentária e autorização legal. Pois se eu fizer isso hoje, eu vou pra cadeia. E acho que quem fez isso com as universidades deve responder pelo que fez".
FRUSTRAÇÃO - As declarações do governador frustraram os estudantes de Engenharia Mecânica que estavam no aeroporto. Marcelo José Alba, estudante do 2 º ano, lembrou que as aulas práticas somente serão possíveis devido a um acordo com o Senai. A Engenharia Mecânica foi um dos cursos criados em 2000 e as aulas são ministradas nas dependências do antigo Centro de Tecnologia (Cefet). A UEM também não possui estrutura física para abrigar os novos cursos.
Desapontado, o reitor ficou sem qualquer perspectiva. Junto à imprensa, lembrou que os novos cursos não foram criados na administração dele, mas que "estava consciente dessa herança". Na verdade, os vinte cursos foram criados na gestão de Neusa Altoé e existia uma previsão orçamentária aprovada pela Assembléia Legislativa na ordem de R$ 6 milhões/ ano. A UEM não recebeu o repasse em 2003 e sequer tem perspectivas para o ano que vem.
Pavanelli está num impasse e ainda nutre esperanças de fazer com que o governador se sensibilize para o problema. Além de arcar com a responsabilidade social e moral dos estudantes e de suas famílias, não sabe se haverá vestibular para os 20 novos cursos, sendo que cinco deles funcionam no campus de Umuarama, envolvendo cerca de mil alunos. A UEM só recebe recursos para a folha de pagamentos e custos fixos (água, luz e manutenção).
PIONEIROS - À noite, Requião, o secretário de Relações com a Comunidade, Milton Buabssi e o secretário de Comunicação Social, Airton Pissetti, participaram da homenagem aos pioneiros da cidade, no Teatro Calil Haddad. Foram entregues 310 medalhas do Sesquicentenário às primeiras famílias que chegaram à cidade.
A solenidade foi organizada pelo O DIÁRIO e Rádio CULTURA AM, com a participação do governo do Estado, Prefeitura, Câmara, Rádio CBN e Maringá FM. A medalha dos 150 anos de emancipação política do Paraná simboliza o trabalho de todos os pioneiros de Maringá e região.
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