PT não quer que prefeitos menosprezem as perseguições
Marcelo Bulgarelli
Da equipe de O DIÁRIO
O chefe de gabinete da Prefeitura de Maringá, Reginaldo Benedito Dias, e o secretário de governo, Silvio Luiz Januário, solicitaram ontem o auxílio da polícia militar para a segurança do prefeito José Cláudio. O pedido será atendido até que o município contrate uma empresa particular de segurança para o controle efetivo.
O major Joacyr José da Silva, responsável pelo 4º Batalhão de Polícia Militar, explicou que não compete a PM fazer a segurança ostensiva, mas neste caso não poupará esforços para garantir a integridade do prefeito. Dias explicou ao major que toda liderança petista está correndo risco de morte e que nada pode ser desprezado.
Um representante de empresa particular de segurança esteve no gabinete de Dias para oferecer os serviços, mas a prefeitura ainda não fez a opção. Por enquanto, a PM cuidará do prefeito somente em eventos públicos.
José Cláudio participou ontem de uma reunião a portas fechadas com as maiores lideranças do Partido dos Trabalhadores, na sede nacional do PT em São Paulo. O objetivo era elaborar a pauta de reivindicações para o encontro do presidente do partido, José Dirceu e de Luis Inácio Lula da Silva (presidente de honra do PT) junto como presidente da Republica, Fernan-do Henrique Cardoso.
“Estamos exigindo uma posição clara para proteger a sociedade civil da violência. Temos certeza que o que está ocorrendo é uma ação orquestrada contra a esquerda, contra nossas administrações e de nossos parlamentares”, disse ontem José Cláudio por telefone ao O DIÁRIO, minutos antes de embarcar de volta para Maringá.
ATO PÚBLICO
Sobre a segurança, o prefeito contou que José Dirceu “botou o dedo em nossa cara” dizendo que “o momento não é para brincadeiras”. Todos os prefeitos de cidades com mais de 200 mil habitantes deverão tomar todas as providencias. Apesar do reforço na segurança, José Cláudio não pretende alterar sua rotina de trabalho: “só vou olhar para os dois lados antes de sair pelas ruas”, sintetizou.
A reunião nacional do PT decidiu ainda promover amanhã um ato público, “Lute pela Paz”, em todas as cidades administradas pelo partido. No dia 20 de fevereiro, data do aniversário do PT, haverá outro evento reunindo todas as forças de esquerda. O local do ato público em Maringá será definido na manhã de hoje.
Durante a reunião petista, Lula também foi duro com as lideranças. Lembrou que o prefeito assassinato, Celso Daniel, era quem contava com mais seguranças entre os prefeitos do PT. Mesmo assim, não teve como evitar a tragédia.
Outra liderança petista que agora também está na lista de ameaças é a vice-governadora do Rio de Janeiro, Benedita da Silva. O próximo da lista, no entanto, seria o prefeito de Ribeirão Preto. “Só tem uma coisa: nós não estamos intimidados. Estamos é enfurecidos. Se for pra correr, vamos correr atrás deles”, resumiu José Cláudio.
PROVEDOR
Sobre o e-mail com as ameaças, recebido pelo deputado federal Aluísio Mercadante, ficou assegurado que não teria partido de Maringá, apesar do provedor ser da cidade. Tudo indica que foi enviado pelo jornal Tribuna de Santos. É possível que um hacker possa ter utilizado o computador do jornal santista.
Até ao final da tarde de ontem, o delegado chefe da delegacia da Policia Federal em Maringá, José Ferreira de Oliveira, não havia ainda recebido qualquer solicitação para o início das investigações em Maringá. Caso isso aconteça, é possível que uma equipe de técnicos especializados da própria PF em Brasília possa tentar rastrear o autor do e-mail.
Ele acredita que tudo vai ainda depender das investigações em Santos. Porém, o responsável pelo provedor de Maringá será em breve convocado para prestar esclarecimentos.
A cúpula do PT tem certeza que as mortes dos prefeitos de Campinas e de Santo André estão partindo de um grupo de extrema direita. No caso, poderia ser a Frente de Ação Revolucionária Brasileira (Farb). Pelo teor do texto que circulou na internet, o grupo teria inspiração fascista ao se dizer de “esquerda”.
AMP pede que governo reforce segurança de prefeitos do PT
O presidente da AMP (Associação dos Municípios do Paraná) e prefeito de Barracão, Joarez Lima Henrichs (PFL), encaminhou ofício ao secretário estadual de Segurança, José Tavares, solicitando que o Estado colabore no reforço do esquema de segurança dos 9 prefeitos do PT no Paraná. Na terça-feira da próxima semana, Henrichs também conversará pessoalmente com Tavares sobre este assunto.
A diretoria da AMP também encaminhou um ofício ao presidente estadual do PT, o vereador de Londrina André Vargas, e ao presidente nacional da legenda, deputado federal José Dirceu, manifestando solidariedade pela perda de dois importantes quadros do partido: o prefeito de Santo André , Celso Daniel, e de Campinas, Antonio Costa, o Toninho do PT, ambos assassinados por razões ainda desconhecidas.
Henrichs lembrou que, embora nenhum prefeito do PT tenha sido vítima de um ato de violência mais grave, alguns deles – como José Cláudio Pereira, de Maringá – já receberam ameaças de morte. “Mesmo que os atos ocorridos em Santo André e Campinas tenham motivação política, não podemos facilitar. Temos que tomar todas as precauções para que atos como este não ocorram no nosso Estado.
REUNIÃO
Ontem, a assessoria do prefeito de Londrina, Nedson Micheletti, informou que embora considere que estes atos de violência não sejam direcionados ao conjunto dos prefeitos do partido, ele deverá propor uma reunião com os colegas dos 8 demais municípios paranaenses governados pele legenda para discutir uma forma de evitar que os atos de violência se repitam no Paraná.
São os seguintes os 9 prefeitos do PT no Paraná: Nedson Miche-letti (Londrina), José Cláudio Pereira Neto (Maringá), Péricles de Mello (Ponta Grossa), Luiz Suzuke (Media-neira), Dionísio Santos de Souza (Porecatu), Luiz Everaldo Zak (Re-bouças), Aparecido Farias Spada (Sarandi), Nilvo Perlin (Serranóplis do Iguaçu), Marcos Vilas Boas Pescador (Vera Cruz do Oeste).
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