sexta-feira, 30 de março de 2007

Síndrome do Burnout - nova doenca atinge 60% dos professores

Surge mais uma doença do fim de século.

É a síndrome do Burnout, uma expressão inglesa que significa "perder energia".

Ela atinge diversos profissionais que trabalham diretamente e excessivamente com outros seres humanos.

Os professores formam uma das categorias mais atingidas pela doença. A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), realizou uma pesquisa com 52 mil profissionais da área em 1500 escolas de todo o país.

A principal constatação foi que um terço dos professores apresentam sintomas da Síndrome de Burnout. "Entre todos estados, o Paraná é o que apresenta o índice mais elevado da doença", disse João Ivo Caleffi, diretor de Políticas Sindicais da APP-Sindicato.

A exaustão emocional se caracteriza pela sensação da pessoa "não poder dar mais de si mesmo'", perdendo energia com esgotamento físico, psicológico e fadiga.

A despersonalização, outra característica da Síndrome, é identificada por maio de atitudes especialmente frias e distantes para com os colegas e publico em geral.



A pesquisa

Segundo a pesquisa, o Paraná apresenta um índice de 32,9% de prof. com alto ou moderado índice de despersonalização. A media do Pais é de 28,5%.

Em relação ao índice de profissionais com alto ou moderado índice de exaustão emocional, o Paraná apresentou 60,2% contra uma media nacional de 53,5%.

A própria APP - Sindicato vem levantando as causas que estão prejudicando os professores paranaenses. Caleffi aponta a falta de hora-atividade e a superlotação nas salas de aula. "O ideal máximo. Hoje trabalhamos com uma media em torno de 30 a 40 estudantes por sala".



Outras causas

As implantação da hora-atividade ajudaria a reduzir o conflito entre o trabalho e a família. Uma autonomia pedagógica também possibilitaria que o educador retome o controle sobre o trabalho.

Caleffi lembra que os professores trabalham numa tensão emocional constante, atenção perene, com grandes responsabilidades. Alem de tudo, o profissional é vigiado a cada gesto no trabalho. "O trabalhador se envolve afetivamente com seu publico, se desgasta e num extremo, desiste, não aguenta mais, entra em Burnout".

Alem dos educadores, a doença vem atingindo profissionais da saúde, policiais, agentes penitenciários e outras categorias que relacionam diretamente com o publico por tempo prolongado.

Para o sindicalista, é difícil apontar alguma saída para esse problema "numa sociedade que adotou o individualismo e o mercado como únicas possibilidades para o ser humano".



Sintomas

Burnout foi um conceito que surgiu na década de 70 nos Estados Unidos. A síndrome surge, segundo especialistas, como uma resposta ao estresse crônico no trabalho, integrado por atitudes e sentimentos negativos sobre as pessoas com as quais se trabalha. Essa relação também atinge o próprio desempenho profissional. E o momento em que a pessoa esta "emocionalmente esgotada".

Os sintomas podem repercutir em forma de enxaquecas, alterações cardio-respiratórias, gastrites, ulceras, insônia e outras alterações psicossomáticas. Tudo isso aliado a queda da produção sistencial, absenteísmo e até abandono de emprego.

O distanciamento afetivo, sentimento de alienação, impaciência, vontade de abandonar o trabalho, ansiedade, sentimento de solidão, dificuldade de concentração e depressão são alguns indícios que podem levar a pessoa a Síndrome.



Fonte: Marcelo Bulgarelli, Diário do Norte do Paraná, 31 de agosto de 1999, p. 3